O “Moontosinhos” regressou ontem para a primeira edição de 2019, num ambiente muito especial e numa semana em que se celebra o Dia dos Namorados (dia 14 de fevereiro).
Desde 2013 que este ciclo de
visitas noturnas à História, ao Património e às Lendas de Matosinhos se
realiza todos os meses em noites de lua cheia.
As visitas guiadas a
vários locais e monumentos obedecem a uma temática e realizam-se um
pouco por todo o Concelho, contando com a participação de centenas de
pessoas que acompanham o percurso, questionando e interagindo com a
equipa de historiadores e arqueólogos da Autarquia.
A visita de
ontem foi conduzida pelo historiador Joel Cleto e contou com a
participação do Vereador da Cultura, Fernando Rocha, que apresentou a
programação prevista para este ano deste ciclo de visitas guiadas.
O cenário escolhido foi o Mosteiro de Leça do Balio, um dos monumentos
mais emblemáticos do Norte de Portugal cujas origens remontam ao século
X. No século XII, tornou-se a sede da Ordem dos Cavaleiros de S. João de
Jerusalém do Hospital, desempenhando um importante papel na assistência
aos peregrinos que demandavam o túmulo do apóstolo Santiago em
Compostela.
O Mosteiro de Leça do Balio está, no entanto, associado a
um dos mais interessantes episódios da História de Portugal cuja
recriação é, aliás, muito aguardada durante o evento “Os Hospitalários
no Caminho de Santiago” que a Câmara Municipal de Matosinhos promove
durante o mês de setembro.
O Mosteiro de Leça do Balio acolheu aquele que é considerado o primeiro casamento romântico da corte portuguesa, em 1372. D. Fernando anula o casamento a que D. Leonor, cognominada “a Aleivosa”, se encontrava vinculada e, contra a vontade de todos, casa-se com D. Leonor Teles tornando-a rainha de Portugal e atribuindo-lhe dote e regalias.
A cerimónia ocorre debaixo de protestos por parte do povo, reprimidos violentamente pelo rei, dando origem aos acontecimentos que, anos mais tarde, despoletaram a crise política de 1383- 1385.
Em homenagem ao amor de D. Fernando e D. Leonor Teles, a Câmara Municipal de Matosinhos inaugurou, em 2008, uma peça escultórica da autoria de Irene Vilar (falecida nesse mesmo ano) que evoca o amor de D. Fernando e D. Leonor Teles.
Além deste romance, Joel Cleto abordou outros episódios ligados ao mosteiro como a lenda do ferro caldo associada ao túmulo de Frei Garcia Martins ou as imagens gravadas na lâmina de bronze da Capela do Ferro.
O Ciclo “Moontosinhos” regressa no dia 18 de abril. O programa para este ano é o seguinte:
18 de abril: Memória das pescas e dos pescadores
19 de maio: Da Torre de Linhares ao Monte Castêlo
12 de junho: Senhor de Matosinhos. Lenda, História e Património
14 de setembro: Os montantes de Guifões
13 de outubro: Pelas capelas de Leça da Palmeira
Ontem foi também apresentado o ciclo de conferências “Conversas sob as estrelas”. A Câmara Municipal de Matosinhos convidou um grupo de investigadores para falar de forma mais aprofundada sobre alguns dos monumentos de Matosinhos que, em muitos casos, não são habitualmente acessíveis ao grande público. Estas conversas ao luar serão realizadas junto a estes monumentos que deverão ser abertos, em alguns casos pela primeira vez, à visita pública.
Ciclo “Conversas sob Estrelas”
Programa para 2019
No Cemitério Paroquial de Leça do Balio, com o convidado Doutor Francisco Queirós
Casa (ou Largo) do Ribeirinho, a propósito dos 190 anos da execução de
Bernardo Brito e Cunha e dos “Mártires da Liberdade”, com o convidado
Professor Doutor Francisco Ribeiro da Silva
Olhando o céu e as estrelas junto do Homem da Maça no Monte S. Brás, com o convidado Doutor Miguel Gonçalves
Os primórdios de Siza Vieira no Hotel Porto Mar, com o convidado Arquiteto João Rapagão.
Fonte: Câmara Municipal de Matosinhos